Monthly Archives: março 2020

Nota de agradecimento do Comitê de Apoio às Causas Indígenas

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Nós, do Comitê Mineiro de Apoio às Causas Indígenas, rede de apoiadores atuante desde 2012 na cidade de Belo Horizonte, formada por indígenas e não indígenas.

Agradecemos a todos os apoiadores que responderam ao nosso chamado em cooperar, resguardar e promover a igualdade racial na cidade de Belo Horizonte, assim como de resguardar a assistência social e a segurança alimentar das população indígena em situação urbana no cenário de enfrentamento à pandemia do coronavírus .

Recebemos o retorno da SMASAC (SECRETARIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL, SEGURANÇA ALIMENTAR E CIDADANIA) que disponibilizou alimentos oriundos do banco de alimentos da PBH e se comprometeu em assegurar esse fornecimento enquanto durar a quarentena.

Agradecemos em especial a Makota Kisandembu, Diretora de Políticas para Igualdade Racial da Prefeitura de Belo Horizonte e Thiago Alves da Costa, Subsecretário de Direito e Cidadania.

Agradecemos ao Instituto Imersão Latina.

Agradecemos a Campanha Espalhe Cestas.

Agradecemos também ás parlamentares da GABINETONA: Andréia de Jesus, Aurea Carolina, Bella Gonçalves e Cida Falabella.

Nossa mais profunda gratidão a cada um cidadão que doou também alimentos, leite e fraldas visto que continuamos em campanha paralela para suprir as necessidades das crianças, que é um grupo bastante grande de nossa gente. Entre em contato.

A todes que fortalecem os povos indígenas, em especial em contexto urbano, visto que as políticas genocidas de negação e extermínio de nossa presença, identidades e direitos nas cidades é de uma violência brutal.

Saibam que ofereceram muito mais do que recursos, demonstraram que acreditam que a vida vale mais e venceremos unidos esse momento caótico para a humanidade, mas necessário em que a Mãe Terra precisa respirar.

KATUCAUÁ!

TENÙ-AHI!

AWÊRY

MOEÜTCHIMA

GRATIDÃO!
Comitê Mineiro de Apoio às Causas Indígenas.

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#indigenasnacidade
#covid_19
#solidariedade

Nota do Comitê Mineiro de Apoio às Causas Indígenas

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Nós, do Comitê Mineiro de Apoio às Causas Indígenas, direcionamos essa nota à população de Belo Horizonte e a todos os órgãos, movimentos e instituições que tem o papel de resguardar e promover a igualdade racial na cidade de Belo Horizonte, assim como de resguardar a assistência social e a segurança alimentar das populações mais vulneráveis no cenário de enfrentamento à pandemia do coronavírus, com a finalidade de expor a especial situação de precariedade dos indígenas na cidade.

Atualmente, em Belo Horizonte, a maioria dos parentes residentes possuem como única renda a venda de artesanato e alguns realizam também a prestação de serviços domésticos. A comercialização dos produtos acontece em espaços públicos, principalmente na Feira Hippie e Praça Sete, escolas bem como em eventos diversos.

Parcela dos indígenas que residem em Belo Horizonte são aposentados e outros estudantes da UFMG, em trânsito na capital, já retornaram às suas aldeias assim que as aulas foram suspensas.

Entretanto, dos indígenas que permaneceram na cidade, contabilizamos 16 (dezesseis) grupos de famílias de 12 (doze) etnias diferentes, oriundos de 4 (quatro) países da América Latina. Tais famílias totalizam 45 (quarenta e cinco) pessoas que estão sem geração de renda. Somada à precária situação de não poderem comercializar seus artesanatos que lhe garantem a sobrevivência; há ainda o caso dos parentes venezuelanos Warao que permanecem provisoriamente no abrigo São Paulo, também em uma situação de grande vulnerabilidade social.

Nesse sentido, estamos diante de um impasse que precisa ser tratado com a máxima prioridade pelo Poder Público junto com as instituições de defesa dos povos originários: a presença Indígena na cidade.

Nós nos entendemos como luz, como presença criadora, como solução especialmente para os problemas que nos assolam no atual cenário mundial, resultado de um desrespeito pela mãe terra e exploração sem fins dos recursos naturais pelo homem branco e não devemos ser tratados como um problema. Assim, o desafio é a cidade entender esse lugar de preexistência e o direito de estar na cidade mediante um país e um continente inteiro que nos pertenceu e foi roubado para a invenção do Brasil.

Desta forma, é necessário fomentar, em caráter emergencial, medidas reparadoras que viabilizem nosso modo de viver na cidade, onde trazemos a história de resistência desde a invasão e a permanente guerra que vivemos, guerra esta que sempre evitamos.

Nós hoje nos organizamos para acessar os órgãos públicos e também a sociedade civil com relação à preeminência de resguardar nossas vidas, uma vez que a migração é um direito que para nós, povos indígenas, é tão comum que se os invasores não fossem tão gananciosos teríamos compartilhado nossos bens, comprado, feito trocas, como sempre o fizemos por milênios com tantos povos que já haviam chegado à costa brasileira. Mas sabemos como a história se deu.

Hoje, empobrecidos, os que estão na cidade não contam com o apoio da rede de proteção da FUNAI e tampouco das principais organizações indígenas do país que tem focado seu trabalho quase que exclusivamente nos indígenas aldeados, apesar da população indígena na cidade ser significativa e crescente.

No Brasil, os dados mais recentes do Censo de 2010 indicam que a população indígena atingiu 817,9 mil pessoas. Desse total, 36,2% residiam na área urbana e 63,8% na área rural. Belo Horizonte possui parte desses 36% da população indígena do Brasil, um número bastante expressivo para ser ignorado. Além disso, os indígenas migrantes também não são assistidos, com a justificativa de que a FUNAI só trabalha com indígenas brasileiros. Nós não aceitamos essas

barreiras, uma vez que nossa forma de organização ancestral não é regulada por barreiras geográficas e sim por pertencimento à raiz pré- colombiana.

Certos de contar com apoio da população e das instituições públicas e privadas que atuam em defesa das comunidades tradicionais, subscrevemos essa nota e aguardamos um posicionamento acerca das medidas para resolução da situação vulnerável aos quais os indígenas estão expostos.

Comitê Mineiro de Apoio às Causas Indígenas.