A Marcha de abertura dos movimentos sociais se concentra às 15 horas no Largo Glênio Peres no centro de Porto Alegre

Por Brenda Marques Pena*

Lembro quando em janeiro de 2001 cheguei a Porto Alegre com a caravana do Comitê Mineiro do Fórum Social Mundial. Era o início de uma marcha de pessoas e organizações que se contrapunham ao modelo neoliberal, representado pelo Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça. Eu era  estudante de jornalismo na época, cobrindo o Fórum para um site que se chamava CityLink, que buscava repensar a lógica das cidades com alternativas sustentáveis. Ninguém imaginava que tantos se uniriam por um outro mundo possível. E foi assim que começou uma história de encontros de lutas sociais de vários movimentos.

Muitas organizações surgiram desse processo, governos progressistas ganharam mais força na América Latina, pois nesta instância participaram líderes como Hugo Chavez da Venezuela, Lula no Brasil e Evo Morales, da Bolívia. Nenhum deles tinha sido presidente ainda nos primórdios do Fórum.

Inegável pensar na representatividade e significado do Fórum Social Mundial que em Dakar, no Senegal, em 2011, por exemplo, reuniu representantes de 120 países. Uma instância que sempre promove diálogos, atividades autogestionadas e está em processo constante de transformação. Muito já se questionou a necessidade de manter este fórum anual nesses tempos em que muitas articulações ocorrem no ambiente virtual. O fato é que marchar juntos, fisicamente, no encontro dos abraços e dos olhares nos dá mais fôlego para continuar seguindo, buscando mudanças, no local e no global, toda vez que nos encontramos. E assim, buscamos construir outro mundo possível pelo amor ao próximo, que nos fortalece.

Ciranda de Comunicação Compartilhada

Foi no Fórum Social Mundial que conheci e passei a fazer parte da Ciranda de Comunicação Compartilhada, um modo de fazer jornalismo copy left, de compartilhar arquivos de textos, fotos e vídeos e elaborar pautas e informativos de forma coletiva. Esta passou a ser uma prática para muitos comunicadores que queriam também produzir uma lógica  mais democrática para as comunicações.

Neste ano, buscamos pela Ciranda colaborar com esse processo de memória, juntar tantos arquivos que produzimos de imagens fotográficas e de vídeos. Muitos inéditos, por falta de tempo para editar ou mesmo pela correria e limitações tecnológicas de muitos fóruns.

A cobertura do Fórum Social Mundial Temático pela Ciranda, pode ser conferida no site ciranda.net

Marcha do Fórum Social Mundial – Belém 2009. Por Brenda Marques

O Instituto Imersão Latina na história do Fórum

Durante os fóruns sociais mundiais que participei, em 2006, na Venezuela, apresentei pela primeira vez a ideia do Imersão Latina, que hoje é uma associação de jornalistas, escritores, artistas, ativistas culturais e de comunicação, que integrados a redes como Ciranda Brasil, ao Fórum Nacional de Democratização da Comunicação – FNDC e a Facción Latina, tem buscado dar sua colaboração nesse processo de construção de um mundo em que haja respeito pelas diversidades e que várias vozes e corpos registrem sua própria história, a partir da união de povos, de muitas cores e diferentes linguagens.

Neste Fórum Social Temático, Nelson Pombo Junior, que é o atual vice-presidente do Imersão Latina representa o Imel no Fórum e coordena as atividades do Cine Medios Libres.

Acompanhe as coberturas e mais informações do Fórum em: http://forumsocialportoalegre.org.br, http://ciranda.net e http://imersaolatina.blogspot.com

*Brenda Marques Pena é presidente do Instituto Imersão Latina